12.4.10
A CEBOLA E A CARPIDEIRA
Mais uma vez, o meu livrinho de Histórias da Serra. É uma tentação! Tenho que agradecer ao Mr. Mota, tão conhecedor da vida campesina, por ter escrito um livrinho que tanto me encanta pela sua simplicidade, e tanto me faz rir.
Mais uma vez, e com sua licença, vou contar uma história da serra mas, contada à minha maneira para ficar mais pequenina:
Ei-la...
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A CARPIDEIRA E A CEBOLA
As cozinheiras detestam cebolas e têm muita razão. Já as dificuldades da vida as fazem chorar que baste e têm também de aguentar as cebolas.
Foi numa pequena vila lá para o norte , há muito anos passados, que uma velhinha a quem chamavam a Ti Carminda que, quer chovesse quer fizesse sol não faltava a uma sessão de carpideira. Punha o seu xaile preto, sujo e coberto de côdeas, sentava-se no banquinho que lhe estava sempre reservado à volta da lareira e comia pedaços de broa, bebia aguardente, rezava terços e chorava, chorava sem parar. Conseguia chorar mais alto do que a própria família enlutada. Dizia-se que até as pedras se comoviam com tanto lágrimas e tanta gritaria. A Ti Carminda era, portanto, uma excelente carpideira.
Mas, uma vez, teve de ir à mortalha do regedor e não conseguiu chorar! Ora esta, olhem o que havia de lhe acontecer! Pôs-se então aos gritos: "Ai Senhor dos Aflitos, valei-me. Ai que tanta falta me faz um cebolinha! Ai, ai, ai...
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