26.11.11

O MAR QUE ME REFRESCA














As águas verdes
tranquilas ou ondulantes
que os meus olhos enxergam
e admiram sem descanso,
pertencem ao meu mar
porque nele me molho se quero
ou só o olho e não me molho.

As areias lisas
ou já calcadas,
pertencem ao mar verde
que as alisa quando quer.
Porque uma areia lisa
lembra uma seda
muito brilhante
muito ondulante
se uma brisa houver.

Estendo-me nessa areia de seda,
sinto o calor que me aconchega.
Cobre-me o azul do céu
que me encanta, me enleva
e acalma os meus turbilhões.
Medito, relembro o que já passou
mas...esqueço. Lembrar para quê?

Adelaide

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""SPRING"" BY HOPKINS














"Nothing is so beautiful as spring when weeds, in wheels, shoot long and lovely and lush...


Autor: Gerard Manley Hopkins - "SPRING" (poema)


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Devem ter já passado uns bons largos anos desta minha vida, de más e boas recordações (quem as não tem!!!), que as duas frases acima, que são o começo de um belo poema de Hopkins, me marcaram positivamente e para sempre.

Trata-se de um momento inesquecível para mim, o qual, de quando em vez me visita no tumulto dos meus pensamentos misturados, em desalinho e
envergonhados. Foi numa tarde de aulas, no estabelecimento de ensino na cidade onde nasci, que tudo aconteceu.

Era costume, nesse estabelecimento, num certo dia da semana, fazer-se uma espécie de julgamento, em forma de círculo, onde estava presente um só juiz, um "arguido" e as testemunhas de "observação" acomodadas à volta da sala.

Devo salientar que éramos só alunos e professor.

Nessa tarde fui eu a "arguida". Havia uma cadeira, lá bem no meio, para onde eu tinha de me dirigir e tomar assento. Assim fiz, com os nervos saltitantes, o sangue mais apressado na sua correria louca dentro de mim, e as faces vermelhas que me queimavam. Eu tinha de comentar, na língua de Hopkins, para que todos ouvissem e me julgassem, o poema que acima menciono. Nesse dia, não sei como nem porquê, eu estava inspirada e decidida a fazer figura. As dezenas de olhos pregados em mim, ao invés de me assustarem, tiveram o efeito contrário e, aí vou eu... Que apreciava o poema de Hopkins, porque as suas palavras me faziam VER o que ele descrevia, como o rebentar dos botões da planta, a surgir para a vida, para a natureza, com um movimento que começa dentro do ramo verde para o exterior soalheiro, cheios de beleza e de frescura ainda húmida!

A graça e a actividade próprias da estação.

Com o calor do sol tudo entra em actividade e alegria. É a beleza de tudo que nasce e que é tenro e que é perfeito. Continuei, dentro deste estilo, com palavras minhas e ao meu jeito.

Eis senão quando, ouço um comentário..."Parabéns, você compreendeu exactamente o desejo de Hopkins que era tornar o "desabrochar", o mais real possível".

Alguém bateu palmas e... mais palmas se seguiram. Era costume. Era a sentença mais desejada do arguido. Se ele merecia, palmas não lhe faltavam. E eu, nem queria acreditar, eu tinha merecido...

Coisas simples da vida que jamais se esquecem...


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Adelaide

ORFEU, O PAI DO CANTO















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ORFEU O "PAI DO CANTO"

"PAI DO CANTO" foi o título que lhe deram. Era considerado músico lendário e poeta. Diz a lenda que recebeu uma lira de Apolo e que as deusas das artes, as Musas, eram suas mestras. Com a música que elas lhe ensinaram foi capaz de encantar os homens e os animais, dar movimento às árvores e até, segundo a lenda, mover rochedos!!!

Sua esposa, Euridice, morreu, e ele suplicou ao seu Deus padroeiro que lhe desse capacidade para a libertar do reino de Plutão. Sua prece foi ouvida com uma condição: "não deveria olhar para ela enquanto não estivesse completamente fora do mundo subterrâneo". Com a sua música conseguiu maravilhas. Venceu Plutão e as Fúrias que são criaturas selvagens que guardam as portas desse mundo escuro de morte. Porém aconteceu o que não devia ter acontecido.

À vista de Orfeu, Euridice ficou louca de amor e não percebia porque Orfeu não olhava para ela!!! Pediu-lhe que a olhasse e ele... não resistiu...! Euridice, ainda não estava completamente liberta da escuridão, e o olhar do seu bem amado, por ter desobedecido à condição acordada com o seu Deus padroeiro, empurrou-a de novo e para sempre para o mundo de Plutão.

Esta história de amor bela mas funesta serviu de tema a muitas óperas especialmente as de Gluck e Monteverdi
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Adelaide

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18.11.11

UM INESQUECÍVEL DIA DE SOL

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Depois de mais um saudável passeio por entre as árvores, onde o oxigénio é mais forte e mais "verde", cheguei à orla onde se me deparou uma extensão de areia lisa e tentadora! Lá no fundo, o mar esverdeado vinha beijar a sua areia e nela deixava bolhinhas brancas que se espalhavam aleatoriamente, formando como que uma fronteira às curvas, entre a sua areia e ele.

Levei um certo tempo a decidir se teria coragem de destruir com as minhas passadas, a beleza daquele areal reconfortante e morno que me conduziria até junto daquele mar belo, fresco e perfumado. O cheiro a maresia! Vencida a pena que sentia, decidi iniciar a minha caminhada, deixando atrás de mim uma fila de pegadas que formavam um caminho, ora liso ora às curvas, sempre que olhava para trás para ver o meu estrago.

Cheguei perto daquele belo mar, pousei a palma da minha mão na frescura esverdeada e húmida daquela água bem fria.
De seguida molhei a face com ela. Todo o meu corpo sentiu aquela frescura, e o mar molhou-me os pés como que para me cumprimentar e agradecer a minha visita ao seu espaço. Eu era quase a única pessoa naquela praia e, por isso, aquele mar pareceu ficar feliz. Ele gosta de visitas que o acariciem e lhe transmitam um pouco de calor humano.

Resolvi sentar-me junto dele para saborear a frescura das ondas que vinham brincar com os meus pés. Fechei os olhos, com a cara virada para o céu, como que a meditar, apreciando aquele momento de rara felicidade e graça, quando, de repente, uma onda grande e brincalhona me cobriu e me molhou por completo, me assustou, mas... agradeci-lhe e ali permaneci. Logo de seguida ouvi um som que parecia uma gargalhada daquela onda engraçada que decidiu brincar comigo. Momento inesquecível!

Adelaide 2011

5.11.11

DONIZETTI - OPERA "DOM PASQUALE" SEVANT'S CHORUS



PARA MATAR SAUDADES DOS BONS VELHOS TEMPOS
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2.11.11