18.3.10

JOSÉ RÉGIO

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno sacrifício
De trinta contos só! por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO
Soneto (quase inédito), escrito em 1969 no dia de uma reunião de antigos alunos.


8 comentários:

Luis disse...

Querida Amiga Mara,
Eis um poema lindo e intemporal...Estava na minha memória para o postar na Tulha pois gostei muito dele.
Desejo-lhe um bom fim-de-semana e um beijinho muito amigo.

Manuel disse...

Nada mais actual do que este lindo poema do grande José Régio. Os tempos passam mas afinal os males continuam.
Muito oportuna esta publicação.


PS
Faça-me uma visita para conhecer o meu mais que tudo.

Vanuza Pantaleão disse...

Mara, como vai indo?
Gostei do protesto em versos do José Régio.Coisas do poder...
Um beijo e bom final de semana!!!

Adelaide disse...

Querido Amigo Luis,

Este poema foi-me enviado por email e, não resisti à tentação de o publicar porque o achei maravilhoso. O Luis concerteza tb recebeu e, portanto, porque não há-de publicá-lo na Tulha. Faça isso que vou lá ver.

Um bom fim de semana também e que a chuva nos deixe. Ontem, aqui no Porto, choveu torrencialmente. Foi demais. Pelo menos o meu carro ficou lavadinho porque estava mesmo a precisar.

Beijinhos
Mara

Adelaide disse...

Querida Vanuza,

Que alegria me deu a sua visita. Nunca se esquece de mim! É muito querida.

Um bom fim de semana para si também

Beijinhos
Mara / Milai

A. João Soares disse...

Querida Mara,

Um texto com actualidade. Hoje só há uma diferença é que o vilão está comprometido com um bando de cúmplices a que tem de se subordinar e apoiar nas suas tarefas de sacar o máximo do dinheiro do bom povo Português. E este, habituado apaticamente a deixar que o roubem não tem reagido. Mas agora que já experimentou organizar-se para limpar Portugal e teve êxito, vai ser certamente capaz de fazer a limpeza necessária nas estruturas viciadas e corruptas que o oprimem imoralmente.

Já aparecem nos jornais de maior circulação textos como o transcrito em LIMPAR O PAÍS de que recomendo a leitura.

Beijos
João

Luis disse...

Querida Mara,
Isso é que é sorte o carro lavadinho e à "borla"...
Um beijinho amigo.

Graça Paz disse...

Incrivel ,acabei de pousar um livro de Jose Régio na prateleira!!Não era ele que era Pontolimense???