2.7.10

MANHÃ DE NOVEMBRO









O mês do ano que, acinzentado e frio, todos os anos se despede de mim deixando-me como prenda um ano mais. Estou cansada destas prendas! Verdade seja dita! Pois foi no passado mês de Novembro que uma rajada de vento, por acaso não muito forte, o que achei simpático da parte do elemento , veio direita a mim juntamente com um pequeno pedaço de papel que, em movimentos graciosos mas apressados resolveu aterrar junto dos meus pés. Por curiosidade, peguei e olhei-o. Ali estava um poema, "Manhã de Novembro", sem autor, poema húmido e enevoado, triste, frio, com vento, com chuva... Como sabia o vento, que me presenteou com este poema triste mas belo, que eu tinha uma ligação forte com este mês? E porque veio ter comigo em Março, é verdade em Março! É para mim um mistério como misteriosos são também os sonhos que todas as noites me visitam e que
logo se desvanecem quando, aos poucos, me vou aproximando da realidade de mais um novo dia para viver.

Eis o dito poema:


Que manhã de Novembro triste e fria!
Gemia o vento...o chão todo molhado...
Era tudo cinzento enevoado,
naquela hora amarga em que eu partia...

O céu também chorava nesse dia...
a terra tinha o ar atribulado
de alguém que padecesse abandonado
na hora derradeira da agonia!

Meu Deus! Em tudo havia uma tristeza,
um desconforto enorme, uma frieza,
que doutra semelhante não me lembro!

Que mão secreta havia destinado
ficar meu coração amortalhado
nas brumas desse dia de Novembro?...


***

2 comentários:

Maria Letr@ disse...

Como habitualmente, eis mais um lindo texto teu, Milai, escrito com aquela naturalidade que te é tão peculiar.
Fiquei encantada com o lindo poema, cujo autor é pena desconhecermos.
Um grande beijinho.

Adelaide disse...

Querida Amiga,

Obrigada pelo comentário ao texto.
O poema é triste mas belo.

A tua nova imagem está bela e dá a conhecer uma tua capacidade que tem muito valor.

Um beijo na carinha que guardaste.