3.7.10

DE UM LIVRO DE CONTOS


A VERRUGA


Estava em casa, sentado, quando a minha tia disse "UFF". Vi logo que havia coisa. Fui ver. Tinha-lhe nascido uma verruga na orelha. Não achei aquilo normal e, por isso, procurei imediatamente o meu tio brigadeiro.

-"Vamos falar com o Ministro. E fomos. O Ministro não quis acreditar. "Isso não é normal". Mas eu vi!

-"Sendo assim, será melhor não se saber de nada. Já viu o que isso pode causar?
-"Começam a inquirir, a verruga passa a ser tema de conversa, os anarquistas aproveitam o momento, a greve surge, tudo se complica, e depois a intervenção das Potências de Guerra. Melhor não dizer a ninguém. Guardaremos segredo e o Estado compensará. Pela expressão do meu tio brigadeiro vi que o caso era grave.
-" Mas Excelência, é assim tão importante?"
-" Meu amigo, a Pátria corre perigo."

Senti que era a hora da decisão.

-" Se a Pátria periga, não desejo a mínima recompensa. Comigo é assim. Pela Pátria é tudo. Calarei."

Calamos.

Dois dias passados e a minha tia recebia uma carta escrita pelo Imperador, agradecendo e louvando.

A carta ainda lá está. A verruga também.

Quanto a mim, continuo sentado lá em casa. Calado.

***

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