
O sol da tarde despertou em mim o desejo de o sentir directamente em meu rosto. Não podia resistir a esse desejo. Como podia, se o sol nos tem visitado tão pouco! Munida de máquina digital para fotografar o que me aperecesse de belo, aí vou eu sem destino, calmamente, não deixando de observar tudo que é verde ou colorido. O ar soalheiro entrou dentro de mim, percorreu-me, aqueceu-me, como que adivinhando o quanto o meu corpo interior e solitário precisava desse calor ameno e reconfortante do astro rei. Respirei fundo, saboreei o prazer sentido nesse momento mágico e senti-me também, como se rainha fosse, já que o rei dos astros tinha carinhosamente entrado dentro de mim. Senti-o e agradeci o bem me havia feito. Agradecer o que a natureza nos dá é uma obrigação que temos para com o Criador. Fui andando, andando, fotografando arbustos verdes, belos, e outros verdes e a florir. Que bom esquecer tudo o que nos rodeia e admirar aquilo que ninguém vê, porque o corre corre do dia quase a terminar não deixa que as pessoas admirem os pormenores belos e ao mesmo
tempo selvagens que estão por ali espalhados desordenadamente. De repente, um pombo que vagueava na relva verde aparece a olhar para mim, com um ar admirado por encontrar alguém que falou com ele. Chamei-o, ele olhou-me e deu uns passitos na minha direção. A partir daqui ficaremos amigos pois irei procurá-lo sempre que o desejo de apanhar o sol da tarde me encaminhar para novo passeio.